Brasil Registra Alta De 6% Nas Emissões De Metano E Intensifica Desafio Climático

Por: TECNOAMBI - 22 de Setembro de 2025
Nos últimos anos, a atenção global às mudanças climáticas tem se concentrado principalmente no dióxido de carbono (CO₂). No entanto, outro gás de efeito estufa, silencioso mas extremamente prejudicial, vem ganhando destaque: o metano (CH₄).
De acordo com dados recentes do Observatório do Clima, o Brasil emitiu 21,1 milhões de toneladas de metano em 2023, representando um aumento de 6% em apenas quatro anos. Esse volume coloca o país como o quinto maior emissor mundial do gás, atrás apenas de China, Estados Unidos, Índia e Rússia.
Mas por que isso importa tanto?
O poder Oculto do Metano
Embora menos abundante que o CO₂, o metano é até 28 vezes mais potente no aquecimento global quando considerado em uma escala de 100 anos. Em horizontes mais curtos, de 20 anos, sua capacidade de reter calor pode ser mais de 80 vezes maior.
Isso significa que cada tonelada de CH₄ liberada equivale a dezenas de toneladas de CO₂, amplificando drasticamente os impactos sobre o clima. Além disso, o metano contribui indiretamente para a formação de ozônio troposférico, um poluente atmosférico que afeta a saúde humana e prejudica a produtividade agrícola. Sua presença na atmosfera, mesmo em quantidades menores, acelera o aquecimento global, tornando a redução de suas emissões uma prioridade urgente para estratégias de mitigação climática eficazes.
Pecuária no Centro do Debate
No Brasil, aproximadamente 75% das emissões de metano têm origem na agropecuária, com destaque para a pecuária bovina. Em 2023, o país atingiu um recorde histórico de 238,6 milhões de cabeças de gado, responsáveis por 14,5 milhões de toneladas de CH₄ — valor superior a todas as emissões anuais da Itália no mesmo período.
Esses números colocam em xeque a sustentabilidade do setor e evidenciam a urgência de implementar estratégias de mitigação que conciliem produtividade, viabilidade econômica e preservação do clima, como melhorias na alimentação animal, manejo de dejetos e tecnologias de captura de metano.
O Metano na Indústria
Embora a agropecuária seja a principal fonte de metano no Brasil, a indústria também exerce papel relevante nas emissões desse gás. Grande parte vem da extração e transporte de combustíveis fósseis, especialmente gás natural e petróleo, onde vazamentos em poços, dutos e refinarias podem liberar quantidades significativas de CH₄.
Outros processos industriais, como produção de cimento, siderurgia e tratamento de resíduos orgânicos — incluindo aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto — também contribuem de forma importante para as emissões.
Apesar de menos visível que na agropecuária, o metano industrial apresenta uma vantagem: é mais concentrado e tecnicamente controlável. Medidas como detecção de vazamentos, melhorias na infraestrutura e captura do gás para uso energético permitem uma redução rápida e eficiente, tornando esse setor estratégico para políticas de mitigação climática.
Caminhos para reduzir as emissões
Diversas soluções para reduzir as emissões de metano já estão sendo debatidas e implementadas no Brasil e no mundo, com resultados promissores:
- Melhorias na dieta animal: A utilização de aditivos nutricionais, como algas vermelhas e óleos essenciais, tem demonstrado uma redução significativa das emissões entéricas de metano;
- Gestão de dejetos: Biodigestores permitem transformar os resíduos da pecuária em biogás, diminuindo a liberação de CH₄ e gerando energia renovável;
- Tecnologias para pastagens: Práticas como intensificação sustentável, rotação de áreas e plantio direto aumentam a capacidade do solo de sequestrar carbono, contribuindo para a mitigação climática;
- Mudança na matriz alimentar: O incentivo a alternativas proteicas de menor impacto climático — como carnes cultivadas ou proteínas vegetais — ajuda a reduzir a pressão sobre o setor pecuário tradicional.
Na indústria, também existem estratégias eficazes para reduzir as emissões de metano, especialmente em setores ligados a combustíveis fósseis e tratamento de resíduos:
- Detecção e reparo de vazamentos: Tecnologias avançadas permitem identificar fugas em poços, dutos e refinarias, evitando a liberação do gás na atmosfera;
- Captura e aproveitamento do metano: Gases liberados em aterros sanitários, estações de tratamento de esgoto e processos industriais podem ser capturados e usados como fonte de energia, transformando um problema ambiental em recurso produtivo;
- Otimização de processos industriais: Melhorias em processos de produção, como na siderurgia e na indústria de cimento, reduzem emissões de forma direta e contínua.
O desafio brasileiro
Apesar de uma queda de 12% nas emissões brutas totais de gases de efeito estufa em 2023, o crescimento do metano acende um alerta estratégico. O país precisa equilibrar a relevância econômica da pecuária com a urgência climática, sob risco de comprometer metas internacionais e perder competitividade em mercados cada vez mais exigentes em relação à sustentabilidade.
O Trabalho Ambiental
O aumento das emissões de metano no Brasil é um alerta claro sobre os desafios climáticos que o país enfrenta. No entanto, ele também evidencia oportunidades: por meio de práticas inovadoras na agropecuária, tecnologias industriais avançadas e suporte especializado da consultoria ambiental, é possível reduzir significativamente o impacto do metano, conciliando produção, economia e sustentabilidade.
Nesse contexto, a atuação da consultoria ambiental torna-se essencial, para apoiar o setor produtivo na identificação das principais fontes de emissão de metano, no planejamento e implementação de estratégias de mitigação, como exemplo, melhorias na captura de gás em processos industriais.
Além disso, oferecer suporte para conformidade legal e licenciamento ambiental, treinamento de equipes e adoção de tecnologias inovadoras que transformam emissões em oportunidades de eficiência energética. Com esse acompanhamento técnico, é possível reduzir as emissões de forma efetiva, alinhar produção e sustentabilidade e fortalecer a competitividade do Brasil em um mercado global cada vez mais atento às práticas climáticas responsáveis.