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A Nova Era dos Créditos de Carbono: Entre a Promessa e a Prova

A Nova Era dos Créditos de Carbono: Entre a Promessa e a Prova

Por: TECNOAMBI - 04 de Novembro de 2025

Nos últimos meses, o debate sobre créditos de carbono deixou os bastidores técnicos e voltou ao centro das decisões globais. A União Europeia, por exemplo, avalia flexibilizar sua meta climática de 2040 diante da menor eficiência das florestas em absorver CO₂ — um sinal de que os sumidouros naturais já não estão entregando o que prometiam.

Ao mesmo tempo, a norte-americana Gevo, Inc. celebrou a entrega dos primeiros créditos certificados de remoção de carbono sob o selo Puro. earth, consolidando o avanço dos projetos baseados em tecnologia limpa como alternativa confiável às soluções naturais.

Esses dois movimentos — um político, outro corporativo — simbolizam o dilema atual do mercado: os créditos de carbono estão amadurecendo, mas ainda buscam provar sua integridade.

 

 

Do idealismo à maturidade: o mercado se reinventa

 

 

Durante a última década, os créditos de carbono foram celebrados como a moeda da sustentabilidade. Reflorestamentos, conservação de florestas tropicais e compensações empresariais se multiplicaram pelo mundo.

Mas o tempo expôs as rachaduras: projetos superestimados, dados imprecisos e falta de monitoramento colocaram em xeque a credibilidade do sistema. O que antes era sinônimo de “salvar o planeta” passou a ser visto, em muitos casos, como um álibi corporativo — o famigerado greenwashing.

O cenário de 2025 mostra, porém, uma mudança de paradigma. O foco agora não é mais a quantidade de créditos, mas a qualidade e a rastreabilidade.

Padrões como os Core Carbon Principles (ICVCM) e plataformas de verificação como Puro.earth e Gold Standard exigem comprovação de adicionalidade, permanência e transparência. Em outras palavras: um crédito só vale se puder provar que representa uma tonelada real, mensurável e duradoura de CO₂ removida ou evitada.

 

O preço do carbono: abundância e escassez em um só mercado

 

Um levantamento recente da SP Global (2025) mostrou que o preço dos créditos de remoção natural atingiu o nível mais baixo desde 2022, após um aumento expressivo da oferta. Essa queda reflete o excesso de projetos de reflorestamento e conservação em relação à demanda corporativa — e, sobretudo, a desconfiança quanto à sua efetividade real.

Curiosamente, o movimento oposto ocorre no campo dos créditos tecnológicos, como captura e armazenamento de carbono (CCS) e biocombustíveis avançados. Esses projetos, como o da Gevo Inc. citado anteriormente, têm atraído investidores justamente por oferecerem dados auditáveis e verificações independentes.

Essa tendência sugere uma nova divisão no mercado: as florestas ainda são vitais, mas as tecnologias estão conquistando o selo de credibilidade. O desafio para o futuro será equilibrar essas duas frentes, sem desvalorizar os serviços ecossistêmicos que sustentam a biodiversidade.

 

Integridade é o novo ativo

 

O que está em jogo agora não é apenas carbono — é confiança.

Empresas e governos perceberam que comprar créditos de baixo padrão pode sair caro. Basta uma denúncia de greenwashing para comprometer anos de construção de reputação ambiental.

A resposta vem sendo dada pela padronização. O ICVCM (2024) lançou os Core Carbon Principles, um conjunto de diretrizes que exigem comprovação científica, rastreabilidade e benefícios sociais associados. Plataformas como Puro.earth e Gold Standard reforçam essas exigências, elevando o patamar técnico de verificação.

Para consultorias ambientais, esse novo cenário é desafiador — mas também uma oportunidade de protagonismo. Cada projeto deve ser auditado em quatro dimensões críticas:

  • Adicionalidade – provar que a captura de carbono não ocorreria sem o projeto;

 

  • Permanência – garantir que o CO₂ armazenado não volte à atmosfera;

 

  • Transparência – registrar publicamente dados e verificações;

 

  • Impacto social – assegurar benefícios reais às comunidades envolvidas.

 

Sem essas garantias, o crédito perde valor — e o discurso ambiental perde credibilidade.

 

O papel estratégico das consultorias ambientais

 

Para as consultorias, o mercado de carbono em 2025 representa um novo campo de especialização. Não basta mais intermediar créditos; é preciso auditar, qualificar e planejar estratégias de descarbonização integradas.

Segundo pesquisa da Conservation International (2023), empresas que compram créditos de carbono de alta integridade são justamente aquelas que reduzem suas emissões diretas mais rapidamente. Isso mostra que o crédito, quando usado com responsabilidade, não é um atalho, mas um acelerador da transição climática.

Por isso, a recomendação atual para clientes corporativos é clara:

  • Mapeie suas emissões (Escopos 1, 2 e 3);

 

  • Priorize reduções internas antes da compensação;

 

  • Invista apenas em créditos com verificação independente e registro público;

 

  • Mantenha políticas de transparência e reporte contínuo.

 

 

Um novo pacto pelo carbono

 

O mercado de carbono está diante de uma virada histórica. Enquanto a União Europeia reavalia suas metas e o setor privado acelera a inovação tecnológica, a mensagem central é inequívoca: os créditos de carbono precisam evoluir de promessa para prova.

Num mundo em que “carbono” virou sinônimo de reputação, integridade é o ativo mais valioso — e consultorias ambientais têm a missão de garantir que cada crédito represente, de fato, uma tonelada a menos de CO₂ na atmosfera.

O desafio não é apenas técnico; é ético. E é justamente nesse ponto que o futuro do mercado climático será decidido.

A Tecnoambi atua como parceira estratégica na jornada rumo à neutralidade climática — oferecendo desde o inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o planejamento de metas de descarbonização, verificação de integridade de projetos, estratégias ESG corporativas e relatórios de sustentabilidade alinhados às normas internacionais.

Porque reduzir emissões é uma meta — e garantir confiança climática é uma missão.

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